domingo, fevereiro 26

Um sábado à tarde num centro comercial qualquer

Num dia em que eu só saí de casa porque fui mesmo obrigada (ou seja: frio, chuva e um filme mau na tv - ai que bom que é ficar em casa) as hostes passeiam-se pelo templo do consumismo provocando situações brilhantes como estas:

"Ah, não se importa de tirar o preço?" e eu tiro o preço e o outro diz "Ah, a etiqueta também" e eu pergunto cheia de boas intenções já pronta para fazer o embrulho mais bonito que o meu pouco jeito permite "Mas é para oferta?" e o cliente diz "Não".
Ou seja, "não, eu sou preguiçoso demais para chegar a casa e retirar as etiquetas das minhas próprias compras".

"O quê? Isso custa quase trinta euros?" e eu amavelmente respondo "Sim, mas temos uma outra gama que é mais barata" e a outra fica assim com um ar de quem não sabe muito bem o que é que quer e eu resolvo ser bem-educada e seja como for o tempo da escravidão já acabou portanto com certeza vou receber um óptimo não como resposta "Quer que eu vá buscar?" e como é óbvio ela diz "Sim".
Portanto eu vou descer dois lanços de escadas, fazer 100m numa direcção, fazer outros 100m de volta e subir dois lanços de escada para ir buscar uma coisa que não era para mim - sim, porque eu que estou a trabalhar de pé há seis horas estarei com certeza muito menos cansada que ela que está de passeio num centro comercial - cansa, estar de folga e fazer compras!

"Como é que vai embrulhar isso?" um sorriso e um "Vou enrolar num plástico e depois coloco num saco" e de volta oiço "Desde que isso não quebre os cantos" e eu ainda fantástica e cheia de paciência "Não quebra com certeza, é madeira" e de volta oiço "Então enquanto embrulha isso tudo nós vamos dar uma volta ao piso de baixo".
Como quem diz que és demorada demais, como é que é possível demorar tanto tempo a proteger uns preciosos cantinhos, tenho coisas melhores para fazer do que estar a ver-te trabalhar para mim, então adeus até logo então isso, nunca mais anda?

"Pode abrir esta embalagem? Quero ver como é que se coloca." e lá estou eu "É como os outros que já adquiriu, mas prende-se ao centro" e claro que isto não é resposta "Mas eu assim não percebo, quero ver" sorriso nos lábios tesoura na mão embalagem aberta comentário da outra "Ah, prende-se ao centro".
E eu desisto.


...e eu que até andava em estado zen...acabou: começa a semana do inferno!