All families are psychotic
Os meus avós já não se encontram entre nós.
Do meu avôzinho Cabrita não me recordo, só sei o que me contam, que era boa pessoa, sei que andou comigo ao colo e viu-me dar os primeiros passos, o tempo não deu para mais. A minha avó Bitocá detestava que a chamássemos assim, era uma chatinha tagarela generosa com bom coração (e algum mau feitio). A minha mãe a minha tia têm um bocadinho dos dois, a vontade de ajudar e a generosidade. E a mania de querer tudo à vontade delas. O medo de contrariar as pessoas da minha mãe tem tudo a ver com a minha tia, que das duas é sem dúvida a mais teimosa.
O meu avô Luís era bonzinho e meiguinho, e uma das coisas que mais me custou foi ver a cadeira onde ele se costumava sentar no quintal vazia. A minha avó Angelina comecei a conhecê-la muito tarde, tarde demais, para me aperceber pouco tempo antes da doença tê-la levado ainda em vida que apesar da secura dos seus modos era uma mulher de força e com muito sentido de humor. O meu pai e os meus tios cresceram em tempos conturbados, as mágoas e as feridas de guerra marcaram-nos muito. A reserva do meu pai contrasta com a simpatia da minha tia, cuja vida difícil se tornou um bocadito mais difícil devido à instabilidade do meu tio, que eu mal conheço.
É a minha família, são os meus avós, os meus pais, os meus tios, os meus primos; cada um e todos com os seus dramas (que são muitos e que são deles).
A minha família é tipicamente portuguesa, uns mais burgueses que outros mas que fazem o que todos os portugueses fazem, assistem ao noticiário da TVI, compram o Correio da Manhã, trabalham imenso para dar o melhor aos filhos, mimam-nos com portáteis e ténis de marca, mandam-nos è escola e se têm um quatro começam logo a pensar que os seus miúdos são génios, até porque o mais normal são mesmo as negativas.
E eu? Eu por vezes revejo-me nas atitudes deles. Na genética. Na prima que tem os mesmos olhos e o mesmo cabelo que eu. Outras vezes, sinto que fui adoptada. Nos gostos. Nas ambições. Nas dúvidas. Nas certezas. No modo de vida.
Pode ser cultural ou educacional, mas sinto-me diferente deles. Mas é a minha família. E fazem parte de mim, nas diferenças e nas semelhanças. E detesto quando algo de mal lhes acontece. Porque acontece-me a mim também (mesmo que não o aparente, mesmo que não o saibam, mesmo que não lhes diga).
Do meu avôzinho Cabrita não me recordo, só sei o que me contam, que era boa pessoa, sei que andou comigo ao colo e viu-me dar os primeiros passos, o tempo não deu para mais. A minha avó Bitocá detestava que a chamássemos assim, era uma chatinha tagarela generosa com bom coração (e algum mau feitio). A minha mãe a minha tia têm um bocadinho dos dois, a vontade de ajudar e a generosidade. E a mania de querer tudo à vontade delas. O medo de contrariar as pessoas da minha mãe tem tudo a ver com a minha tia, que das duas é sem dúvida a mais teimosa.
O meu avô Luís era bonzinho e meiguinho, e uma das coisas que mais me custou foi ver a cadeira onde ele se costumava sentar no quintal vazia. A minha avó Angelina comecei a conhecê-la muito tarde, tarde demais, para me aperceber pouco tempo antes da doença tê-la levado ainda em vida que apesar da secura dos seus modos era uma mulher de força e com muito sentido de humor. O meu pai e os meus tios cresceram em tempos conturbados, as mágoas e as feridas de guerra marcaram-nos muito. A reserva do meu pai contrasta com a simpatia da minha tia, cuja vida difícil se tornou um bocadito mais difícil devido à instabilidade do meu tio, que eu mal conheço.
É a minha família, são os meus avós, os meus pais, os meus tios, os meus primos; cada um e todos com os seus dramas (que são muitos e que são deles).
A minha família é tipicamente portuguesa, uns mais burgueses que outros mas que fazem o que todos os portugueses fazem, assistem ao noticiário da TVI, compram o Correio da Manhã, trabalham imenso para dar o melhor aos filhos, mimam-nos com portáteis e ténis de marca, mandam-nos è escola e se têm um quatro começam logo a pensar que os seus miúdos são génios, até porque o mais normal são mesmo as negativas.
E eu? Eu por vezes revejo-me nas atitudes deles. Na genética. Na prima que tem os mesmos olhos e o mesmo cabelo que eu. Outras vezes, sinto que fui adoptada. Nos gostos. Nas ambições. Nas dúvidas. Nas certezas. No modo de vida.
Pode ser cultural ou educacional, mas sinto-me diferente deles. Mas é a minha família. E fazem parte de mim, nas diferenças e nas semelhanças. E detesto quando algo de mal lhes acontece. Porque acontece-me a mim também (mesmo que não o aparente, mesmo que não o saibam, mesmo que não lhes diga).
4 Comments:
Eu cá gosto de ti assim mesmo.
envia isto ao antónio lobo antunes, de certeza que o gajo pode encaixar este texto algures no próximo livro.
Se não fosses assim... não eras grande coisa.
E eu a pensar que só escrevias sobre os últimos objectos que consumiste. Mil desculpas por ter pensado isso.*
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