domingo, fevereiro 24

"Carlitos, cala-te e vai para o quarto!"

Bem se podia chamar assim a minha série favorita do momento. E, oh! espanto dos espantos, é portuguesa. Bem, portuguesa, portuguesa até nem é bem, é uma adaptação de uma série espanhola...que a bem dizer inspirou-se livremente numa outra norte-americana.

Passa-se nos anos sessenta. Nos finais dos anos sessenta. As personagens vivem o seu dia-a-dia e a História (que naquela altura eram apenas as notícias) entra-lhes pela vida dentro. Chama-se Conta-me como foi.

E apesar de todo o meu cepticismo, incredulidade e azedume iniciais ("ah pois sim já estou mesmo a ver vão dar cabo daquilo tudo, nunca vão conseguir fazer uma série tão boa quanto as outras, blá, blá, blá, resmunguice práqui,resmunguice práli") tenho que admitir: a série está MA-RA-VI-LHO-SA.

Mesmo.

Conta-me como foi

Os cenários estão quase perfeitos (um ou outro anacronismo, mas ninguém repara, só eu), o guarda-roupa está óptimo, a maquilhagem também, os actores estão irrepreensíveis. Todos. O Miguel Guilherme, o pai honesto e trabalhador. A Rita Blanco, a mãe doméstica e dedicada (com um penteado giríssimo). A Catarina Avelar é a avó viúva e séria que se está a adaptar aos tempos modernos. A Rita Brutt é a filha mais velha , a menina que cresce numa sociedade conservadora e que não sabe se a siga ou se a mande à fava. O Fernando Lopes é o universitário revolucionário, e o Luís Ganito é o filho mais novo, o que se mete em grandes aventuras, o que nos conta a estória e o que está sempre a fazer asneiras. O que está sempre a ser mandado para o quarto porque não pode ouvir as conversas dos crescidos.

Para quem só ouviu murmúrios de outras décadas, não há melhor maneira de perder uma horinha dos serões (ainda há serões?) de Domingo para ter uma amostra do que era a vidinha do nosso Portugal à beira-mar plantado, orgulhosamente só, mudo nos gritos de liberdade, a trabalhar para pôr pão na mesa.

Porque apesar da minha idade avançada, não sei o que é não poder falar, não sei o que é não ter comida na mesa, não sei por quanta coisa passaram as pessoas antes de mim. Mas também não me quero esquecer.

3 Comments:

Blogger laurinda said...

sorry n li o post..é mto longo..mas so sei q adorei o episodio em q o carlinhos diz: "mãe pai vou sair de casa e vou viver p um rancho"... e a mãe diz: "então vá filho vai p a cama q amanhã acordo-te cedo p ires p o rancho"!!

26 fevereiro, 2008 12:15  
Blogger o bicho furioso said...

Oh pá é lindooooooo...eu tenho uma pena gigante de não poder ver todos os episódios!!

26 fevereiro, 2008 12:18  
Blogger C. said...

Que série é esta..? Estou tão desactualizada, credo...

26 fevereiro, 2008 12:31  

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