terça-feira, maio 9

As alegrias do respigo

Ou em outras palavras, como remexer no lixo e encontrar coisas boas. Até eu já andei no respigo (desculpem, alguém estava a deitar fora uma fantástica cadeira cor-de-laranja e eu levei-a para casa, para depois ter a honra de descobrir que a bela da cadeira era um original Robin Day para a Hille...ah pois é...).

Claro que (achava eu) havia por aí alminhas que andavam a elevar o respigo até novas alturas, chegando mesmo a remexer em sobras de mercados, padarias e supermercados.

Hoje descobri que tudo isto pode ser considerado um novo movimento (chamado freegan, mais informações [aqui]), que alerta para o desperdício que existe no nosso planeta, adoptado por pessoas conscientes de todos os estratos sociais (incluindo executivos de topo, que insistem que o dinheiro que poupam a respigar nos supermercados podem depois empregar a ajudar os pobres...ah, pois, claro, como é que eu não pensei nisto antes? - e por favor ler estes parênteses em tom irónico).

Achava eu (oh meu Deus, num ângulo de visão quase direitista - será que me ando a metamorfesear? vade retro satanás!) que as pessoas que podem pagar uma refeição e a respigam estão a retirar comida daqueles que de facto não podem pagar uma refeição. Pelos vistos estava errada este tempo todo!

Ok, concordo que o desperdício é mais que muito. Que realmente vai muita comida para o lixo quando há tantas pessoas no mundo que passam fome, os protestos dos agricultores que decidem queimar batatas em vez de as dar aos pobres sempre me chatearam um bocadito e até percebo que esta de respigar pode ser uma reacção à nossa sociedade capitalista de consumo.

Mas...e desculpem a minha forma radical de pensar (e infelizmente nestas coisas eu sou muito radical) ou se adopta um estilo de vida ou não se adopta um estilo de vida. Respigar e morar numa casa alugada ou ocupar uma casa e ter um trabalho certinho e pagar impostos também não faz muito sentido. Se estamos a protestar contra o capitalismo deveriamos poder provar que se pode viver sem capital, certo?

Seja como for...associações como a Freecycle não só me parecem úteis como fazem imenso sentido. Vamos supor que me quero desfazer de algo...em vez de jogar fora a minha porta velha, o meu sofá usado ou o piano inútil ponho um anúncio e ofereço o artigo. Ou então vamos supor que eu preciso de uma torneira, de uma máquina de fax ou de uma bicicleta...basta-me ir à procura nos anúncios. Recicla-se, evita-se o desperdício e é tudo grátis! Podem informar-se melhor [aqui].

Cá em Lisboa a Freecycle ainda não funciona; o mais parecido serão as lojas da associação Reto à Esperança. Jovens toxicodependentes restauram peças doadas e vendem-nas a baixo preço, revertendo os lucros para a associação. Dupla função social com o bónus de se encontrarem peças fantásticas dos anos cinquenta a setenta a preços fantásticos. Fica para os lados da Estrada de Benfica, quase ao pé do Jardim Zoológico, logo ao início da Rua Padre Francisco Álvares, num rés-do-chão com cave.

Enfim, respigar ou não respigar, eis a questão...e está aberto o debate!

2 Comments:

Blogger C. said...

Onde é q anda esse respigo? Essas coisas passam-se em Lisboa e eu nem faço ideia... tenho q ler o blog da algarvia quase espanhola p aprender estas coisas. Tá mal!
Mais a sério, n sei se me tou a ver a respigar, já q eu nem da feira gosto, e aí ainda se paga... a minha cabecinha n gosta dessas confusões. Sou mto fina! Ó se sou!

10 maio, 2006 15:20  
Anonymous Anónimo said...

atenção não respiges comida dos caixotes de lixo dos supermercados, pois normalmente eles deitam lexivia por cima da comida para que quando alguem vai respigar a seguir não possa respirar!

11 maio, 2006 23:38  

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