terça-feira, setembro 26

Do cinismo, da falsidade, da vingança e de outras coisas...

Isto de trabalhar numa loja de um centro comercial qualquer tem muito que se lhe diga, até porque só em si aquilo é um microcosmos, quanto mais com todas as pessoas que entram por ali adentro todos os dias (às vezes, com a única missão de nos chatear a cabeça).

Claro que em todos os locais de trabalho é assim, há as pessoas com quem nos damos bem, há as pessoas com quem não nos damos, e há as pessoas que desejamos não ter que nos dar, mas que lá estão elas todos os dias ali bem debaixo do nosso nariz.

E depois há aquelas que nem se sabe muito bem, por um lado parecem inteligentes, por outro são burras que nem uma porta, por outro até podem ser ingénuos (só que ninguém é assim tão ingénuo, pois não?) e por outro lado ainda parecem tão boas pessoas, embora talvez um pouco distraídos...até que por fim mostram as suas garras e pronto, ah, pronto, agora finalmente percebo!

Ou seja, como é que uma pessoa pode ser cínica a tal ponto? E atenção, infelizmente na nossa sociedade muitas vezes o cinismo é de uma vital importância e até mesmo eu que por norma sou brutalmente honesta tenho que me socorrer dessa arma - e até mais vezes do que gostaria, porque isto do atendimento ao público tem mesmo dessas coisas: "É-tudo?-diz-ela-com-um-sorriso-muito-amável-enquanto-na-verdade-está-a-imaginar-quão-lindo-ficaria-o-cliente-com-uma-faca-espetada-bem-no-meio-das-costas!".

Pois todas estas considerações a propósito de uma pessoa que trabalha comigo de uma incompetência quase inacreditável, que parece que ou não quer aprender ou não consegue aprender e pronto, que não basta termos que lhe dizer mil vezes como é que se faz uma coisa como assim que a aprende fá-la mal. Uma pessoa que qundo trabalha connosco até atrapalha mais do que ajuda (excepto enquanto repõe, lá repor até sabe ele) porque não basta ter que me preocupar comigo e com o que estou a dizer, tenho também que ouvir tudo o que ele diz e corrigi-lo sempre que necessário, e infelizmente é mesmo muito necessário a maior parte das vezes.

Note-se que eu não o faço por ele, mas por mim, porque aquelas pessoas a quem ele dá informações erradas atrás de informações erradas vão invariavelmente voltar à loja e fazer um escândalo porque o colega disse que podia ser, e como o outro só trabalha aos fins-de-semana os berbicachos sobram é mesmo para os outros. Mas meus caros amigos, isso era antes, porque agora nem quero saber. Ele que diga o que disser, que continue a fazer asneira atrás de asneira, porque vou deixar de o encobrir.

É o que se ganha quando eu quero ajudar e ainda recebo respostas do tipo "Não, não estou nada chateado contigo, eu até me ri do que me disseste porque tinha autorização de um chefe" (enquanto isto, ele estava tão completamente chateado que esta resposta foi mesmo completamente...cínica!).

Óptimo. Ainda bem que os chefes estão cá para isso. Porque agora cada vez que ele me perguntar como é que se faz isto, se isto existe em stock, se isto se pode fazer, há-de haver com toda a certeza um chefe que lhe possa elucidar muito melhor do que eu. E de cada vez que ele fizer asneira, disser uma coisa errada, vender uma coisa errada, com toda a certeza mesmo há-de haver um chefe que vá saber também. E o melhor de tudo é que eu nem vou ter que sujar as mãos, visto que ele sozinho consegue dar conta do recado.

E nem vou ter que ser cínica. Basta deixá-lo ser ele próprio.

1 Comments:

Blogger C. said...

Todos os problemas tivessem essa simples solução...

27 setembro, 2006 20:32  

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