segunda-feira, setembro 11

Teoria da conspiração

É hoje que se celebra (se é que se pode celebrar algo assim) o quinto aniversário do dia que alguns optaram por chamar (um tanto ou quanto egocentricamente) o dia que mudou o mundo.

Lembro-me de há cinco anos atrás estar a fazer zapping e parar na CNN e ficar a olhar de boca aberta para o ecrã de televisão e a não conseguir digerir muito bem o que se estava a passar. E lembro-me de chorar muito por causa das pessoas que naquele dia se levantaram cedo, despacharam, apanharam transportes públicos e foram fazer aquilo que todos nós também fazemos todos os dias porque temos contas para pagar: trabalhar. E que por isso mesmo morreram.

Porque é isso que me chateia nos actos terroristas e, já agora, nas guerras em geral: não são eles, os presidentes, os generais, os ministros, os secretários de estado, os diplomatas, os deputados, os almirantes e todas as pessoas que de facto mandam e podem (ou não) evitar as coisas que saem prejudicados, mortos ou aleijados nos campos de batalha. Sou eu, os meus amigos, a minha mãe ou o meu pai, o meu namorado, ou os amigos, a mãe, o pai, o namorado ou o irmão de outro civil qualquer que são feridos ou mortos num acto terrorista ou numa guerra, e que vai na volta nem votou nas últimas eleições. Desculpem, mas continuo sem achar que o fim justifica os meios e ainda acredito firmemente que há outras formas de lutar. Porque alguém que anda num comboio porque tem mesmo de andar porque não tem outros meios de chegar ao seu emprego porque este até nem dá para pagar o carro ou até mesmo a gasolina não tem que morrer porque um gajo que anda de limusine o dia inteiro para lá e para cá conduzido por um motorista cometeu uma decisão errada. Mas isso sou só eu a falar...

...e falar por falar, sim, acho que a política externa dos Estados Unidos durante a administração Bush só podia dar no que deu. E também não vou esconder que naquele dia, lamentando imenso todas as vidas inocentes que se perderam, não consegui deixar de me sentir fascinada pela simplicidade de um plano que desvia quatro aviões e põem o suposto país mais forte e rico do mundo de pantanas. Mas...não terá sido simples demais?

Como qualquer pessoa de esquerda, tenho esta tendência para adorar teorias da conspiração que afirmem que o pessoal de direita fez merda. E por isso mesmo tenho um enorme cuidado em acreditar até mesmo nas próprias teorias da conspiração, porque de facto são mesmo o que eu desejo ouvir. E porque infelizmente sei que os factos, para uma leiga como eu, são facilmente deturpáveis. Quer dizer, vem um engenheiro perito em estruturas e diz-me que o combustível em chamas pode ter derretido a estrutura de um edifício e consequentemente provocar a sua demolição e eu acredito. E se vier um outro perito e disser que isso é completamente impossível eu acredito também. Que raio percebo eu de estruturas?

Agora... ... ...eu até posso ser muito tapadinha, mas que no Pentágono não há Boeing nenhum lá espetado não há. E que o famoso voo 93 carregadinho de heróis se despenhou no meio do nada, desculpem lá, mas também não cola...que é feito dos destroços do avião, então? Cá para mim, meus amigos, mísseis, mísseis a montes, enviados pelo pai do outro (sim, porque o Bush Jr., desculpem lá, não passa de um fantoche nas mãos do pai...) para que ele finalmente conseguisse acabar o que começou em 1990 mas que não conseguiu: controlar o Iraque. Mas como dizer que tinha sido o Saddam era muito óbvio e como seja como for o oleoduto que a empresa dele queria montar no Médio Oriente tinha que passar pelo Afeganistão à mesma, deixam que o ataque terrorista aconteça e, quem sabe, dão uma ajuda, o Bush já pode ter a sua guerrazinha no Afeganistão e, ah!, já que aqui estamos mesmo ao lado, 'bora também atacar o Iraque...pois sim!

Sabem o que eu vos digo? BAH! E se algum dia eu tenho o azar de perder alguém que me é querido num ataque terrorista qualquer, eu perco a cabeça e eu é que me armo em terrorista, mas vou ser um bocadinho mais inteligente: vou mesmo até à fonte. E os ministros, presidentes, almirantes, generais e outros que tais que se cuidem. Afinal, se um lunático meio comunista como o Lee Harvey Oswald sozinho com uma espingardeta consegue matar o homem mais poderoso do mundo, porque não o hei-de conseguir eu?

Será que ainda há balas mágicas à venda?

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

No teu plano só vejo uma falha: ninguém é insubstituível. Nem mesmo o otário do W. (o que admitidamente é uma ideia por si só pavorosa).

12 setembro, 2006 16:30  

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