A assistente de loja estava encostada ao balcão, com ar distraído.
Ele e ela traziam um abat-jour na mão e um sorriso nos lábios,
podemos pagar aqui?, a assistente esqueceu os seus sonhos, vestiu o seu ar profissional e de sorriso nos lábios disse
claro!.
Enquanto o laser computa o preço, enquanto a caixa regista o valor e o TPA comunica com o banco, a assistente confirma com os clientes se o abat-jour é para colocar num candeeiro de mesa,
sim, é, mas porquê?, a assistente tenta explicar, enquanto a cliente vira triunfantemente o abat-jour ao contrário e diz que nessa posição dá perfeitamente para pendurar.
A assistente de loja olha-a nos olhos e questiona-a,
não acha que se as pessoas entrarem em sua casa vão pensar que a senhora colocou o abat-jour ao contrário?, ao que a cliente responde triunfantemente,
não, pelo contrário, vão achar que é uma casa de uma pessoa diferente, de uma designer.
A assistente de loja, com um sorriso nos lábios, responde-lhe.
Não sabia, pensava que em casa de um designer a forma seguia a função. Pensava que se um abat-jour é desenhado de uma maneira, seria para usar dessa maneira. Portanto eu olharia para o abat-jour e pensaria que ele estava colocado ao contrário. Portanto não, não gosto de ver. E muito amavelmente, a assistente de loja acrescenta
Mas lá está, gostos não se discutem...O cliente, marido dela, quem sabe, sorri também e diz,
tem toda a razão, gostos não se discutem. Despediram-se todos com um sorriso e um cordial
boa noite.
A assistente de loja volta então aos seus sonhos, encostando-se ao balcão...mas não sem exibir um leve sorriso de triunfo.